Malanje (por vezes erradamente escrito Malange) é um dos melhores destinos para uma viagem a partir de Luanda. Neste guia de Viagens de Malanje vamos ajudá-los a explorar as melhores coisas para fazer, onde ficar e como chegar a Malanje.
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Informação básica sobre Malanje
Malanje é uma província no centro norte de Angola, a sua capital tem o mesmo nome e fica a cerca de 420 Km de Luanda, em direção ao interior. As maiores atrações turísticas de Malanje são as quedas de Kalandula, as pedras negras de Pungo Andongo e os rápidos do Kwanza.
O parque nacional das palancas é igualmente na província e a apenas 30 km da capital e as quedas de Musseleje são um destino muito pouco divulgado mas realmente muito bonitas e por isso têm de ser incluídas na lista de melhores coisas para fazer em Malanje.
Como ir para Malanje
Apesar de serem apenas 420 Km desde Luanda até Malanje, é uma jornada bem longa. Assim, deve começar bem cedo, por volta das 6 da manhã para poder chegar ao início da tarde e ainda aproveitar qualquer coisa do dia. Isto dá uma incrível média de cerca de 60 km/h…
Na nossa opinião o melhor percurso é via a estrada do Golongo Alto, apesar de alguns sectores da estrada estar em bastante mau estado. De qualquer forma é ainda possível de se fazer numa viatura pequena. Os últimos relatos que tivemos é que a estrada do Dondo está ainda pior…
Onde Ficar Em Malanje?
Aquando da nossa estadia em Angola ficamos no Hotel Regina II. Apesar de ser um pouco caro (mas em Angola o que é que não é caro…?) até ficamos bastante satisfeitos com o Hotel. Acreditamos que é melhor do que dizem alguns comentários, e serviu perfeitamente para o gasto. Os quartos eram grandes, limpos e confortáveis. O Pequeno Almoço era bufet com as opções do costume.
O maior ponto negativo era que o ar condicionado de alguns quartos não estava a funcionar… De qualquer forma, recomendamos que fique neste hotel.
Coisas para fazer em Malanje
Rápidos do Kwanza
Para quem vem de Malanje, os rápidos são alguns Quilómetros após a cidade de Cangandala. Para chegar mesmo aos rápidos, temos que virar à esquerda numa estrada de terra mesmo junto à Ponte sobre o Kwanza. A estrada de terra tem cerca de 2 Km e passa através de uma enorme aldeia tradicional até chegar ao Rio Kwanza.
Notem que vale bem a pena ir a ponte pois de lá temos uma vista muito bonita para o rio e as quedas.
Quando se chega ao fim da estrada é muito provável que sejam saudados por uma multidão de miúdos da aldeia a pergunta se queremos ser amigos deles…
Apesar de ser um pouco exagerado (especialmente para pessoas mais introvertidas) é realmente “uma experiência”, até porque as crianças são muito amigáveis e fofas. Aliás, além disso são organizadas e cuidadosas, mostrando o melhor caminho para os rápidos, e com os mais velhos a liderarem a expedição até ao topo da queda de água.
É possível também ver a forma como eles pescam numa pequena represa ligada ao rio e após conversarmos um pouco com eles descobrimos que existem crocodilos e hippos lá…
Também bastante interessante é ver de perto como eles secam a cassava nas rochas que estão nas margens do rio, e mesmo que víssemos seria impossível escapar ao seu forte e único cheiro.
Dica: se decidir ir aos rápidos do Kwanza leve algumas bolachas, gasosas ou outros snacks para oferecer aos miúdos. Eles terão uma reação de felicidade pura e não lhe custará praticamente nada.
O Kwanza é um rio enorme, com muita água e por isso uma queda de apenas 5-10 metros como nos rápidos torna-se numa queda de água realmente impressionante. Por outro lado, depois da última queda, a água fica bem calma e é até possível nadar lá.
Quedas de Kalandula
As quedas de Kalandula são muitas vezes apelidadas de as segundas mais impressionantes de África (depois de Victoria Falls). Para lá chegar, são precisas duas a três horas a partir de Malanje, sobretudo porque a estrada está bastante deteriorada por isso o melhor é partir para a estrada relativamente cedo!
Nós sabíamos que as quedas eram grandes, muito grandes, mas a primeira vez que lá fomos tinha muito pouca água, pois foi em Agosto, no pico da época seca.
Quando lá fomos na época das chuvas a conversa era outra… o lugar é completamente diferente, muito mais impressionante, com toda a água e o ruído que ela faz.
Quando se chega às quedas existem normalmente alguns miúdos a oferecerem-se como guias, mas aqui (e ao contrário do que aconteceu nos rápidos) eles são bem mais agressivos e até pode ser uma situação desconfortável pois eles começam a discutir querendo ser os guias.
Dica: Escolha rapidamente um deles, e evite as discussões (entre eles) que pode causar a situação.
Como descer até à base das Quedas de Kalandula
Antes de mais, sabiam que é possível descer até ao fundo das quedas? Bem, nós também só descobrimos depois de lá ir uma primeira vez…
Os primeiros 10 minutos da descida são fáceis, é um trilho perfeitamente normal, mas a partir daí a coisa começa a ficar mais séria.Primeiro, entra-se completamente dentro da densa floresta e depois começa-se a descer abruptamente pelo desfiladeiro. Notem que temos de descer quase verticalmente cerca de 100 metros e por isso a coisa torna-se bem física. Sem os guias, poder-se-ia muito rapidamente no meio da floresta.
Quando se chega lá baixo, é preciso subir o rio, sem que exista propriamente um trilho, apenas um pequeno espaço onde era possível caminhar, mas mesmo esse “caminho” rapidamente se funde com as margens do rio pelo que basicamente temos de ir pelo rio acima.
Lembrem-se que estamos na época das chuvas e por isso o rio está bastante alto e as margens inundadas. Ou seja, tudo está enlameado… muito enlameado… Nesta última fase do percurso pode ser necessário caminhar com lama até aos joelhos, trepar rochas, passar por cima e por baixo de raízes enormes… resumindo, É ESPETACULAR!! 🙂 Dá uma sensação de ser uma aventura digna de um filme de Indiana Jones e quando finalmente se chega ao destino temos isto…
Estar tão perto das quedas de Kalandula, sentir o poder da Natureza e toda a água e humidade à nossa volta é algo que vamos lembrar (e partilhar) para sempre. Nem em victoria falls, a sensação foi tão intensa… Tome o tempo necessário para usufruir do local e da experiência.
Até porque depois vão ter de subir tudo o que desceu, e acredite que não é fácil, pois é inclinado como o… Mas esta é uma das situações em que o caminho é uma parte da diversão.
Quedas de Musseleje
As quedas de Musseleje não sequer parecidas com as Quedas de Kalandula. Elas são muito mais pequenas e praticamente desconhecidas, especialmente para estrangeiros. Enquanto que as quedas de Kalandula são impressionantes devido à dimensão e poder, as quedas de Musseleje impressionam pela beleza quase bucólica. Além de que é possível mergulhar e nadar nas quedas, o que é sempre muito agradável.
Como visitar as quedas de Musseleje
É bastante difícil chegar às quedas de Musseleje, mas vamos tentar explicar como fizemos… A partir das quedas de Kalandula até as quedas de Musseleje devem demorar cerca de uma hora. É necessário voltar à cidade de Kalandula e virar para norte na rotunda. Depois seguimos por uma estrada asfaltada por 5 km e depois virar à esquerda numa estrada de terra batida. Segue-se durante cerca de 15 a 20 km nesta estrada de terra, onde irá passar por 3 pequenas aldeias angolanas.
Notem que após fortes chuvas pode ser difícil chegar às quedas em 4×4, e será impossível em carros pequenos. Recomendamos que use um SUV para este percurso.
Pedras Negras de Pungo Andongo
As Pedras Negras de Pungo Andongo são uma série de formações rochosas que se erguem no meio da Savana Africana. Algumas pessoas dizem que as rochas se assemelham a diferentes animais, mas sinceramente não conseguimos encontrar grandes semelhanças. De qualquer forma, as rochas são impressionantes e misteriosas. É possível subir ao topo de uma das maiores rochas, a chamada Pedra Homem. De lá, temos uma bela vista sobre as restantes rochas, a savana e o rio Kwanza no horizonte.
Numa das outras rochas, existe uma antiga pegada marcada na rocha. A Lenda diz que é a pegada da Rainha Ginga – a lendária e histórica figura de Angola.
Parque Nacional das Palancas Negras
Nós queríamos ir ao Parque Nacional das Palancas Negras, sabíamos que o parque ficava na Cangandala, mas não conseguimos entrar qualquer indicação… Por isso, questionamos no hotel e no restaurante, mas em ambos os casos foi-nos dito que o parque estava fechado ao público…
Decidimos então perguntar a algumas pessoas na rua e foi-nos sugerido que fossemos falar com o Soba de Cangandala, talvez ele conseguisse organizar uma para nós, ou mesmo ir conosco ao parque. Mas como encontrá-lo?
Fomos até Cangandala para o procurar. Em Cangandala questionamos pelo Soba a um senhor e este muito simpaticamente disse que nos levava até ele. Aproveitamos e fomos com o senhor até a Casa do Soba.
Quando lá chegamos o nosso novo contato foi falar com o Soba e informou-o que queríamos falar com ele. Então, um conjunto de pessoas que estavam por lá começaram-se a organizar uma audiência, colocando mesas e cadeiras no centro da aldeia, mandaram-nos sentar e esperar pelo Soba. Quando o Soba de Cangandala chegou, cumprimentou-nos mandou-nos sentar na audiência e perguntou ao que vínhamos.
Explicamos então o propósito da nossa visita, e perguntamos-lhe se era possível visitar as palancas e haveria alguma forma dele nos ajudar. O Soba simpaticamente explicou que não tinha autoridade para nos autorizar a entrar no parque, que apenas o administrador o poderia fazer – mas que teria todo o gosto em nos levar até ela. Obviamente aceitamos a sua oferta e fomos com ele ter com a administradora.
O Soba indicou-nos o caminho para a administradora, e veio conosco, mas infelizmente ela não estava… Estava na igreja. Aguardamos alguns minutos e entretanto a missa terminou e a administradora chegou.
Voltamos a explicar a administradora o que tínhamos dito ao Soba e pedimos a sua ajuda e autorização. A administradora muito educadamente explicou-nos que não era possível organizar uma expedição naquela altura do ano. A erva estava demasiado alto (quase 2 metros) e seria impossível procurar as palancas sem outra ajuda. Infelizmente teríamos de voltar noutro dia, e sugeriu alguns meses mais tarde quando os chips com GPS que algumas palancas têm estivessem a funcionar.
Infelizmente, e depois de toda este périplo não seria possível visitar o parque das palancas negras, em Malanje. A Palanca Negra é o símbolo de Angola e seria uma óptima forma de terminar esta viagem por Malanje.
Agradecemos à administradora, ao Soba e ao senhor que nos ajudou, deixamos-lhes algumas ofertas pelo trabalho que tiveram e fomos embora. Esta foi a última vez que fomos a Malanje e nunca chegamos a ver Palancas Negras… em Angola.
Apesar de termos falhado o nosso objectivo final e não termos conseguido ver as Palancas, nem sequer entrar no Parque, esta foi uma experiência cultural muito pouco usual. Foi a primeira e única vez que fomos a uma aldeia tradicional ter uma audiência com o Soba.
A bondade e hospitalidade com que fomos recebidos e tratados em Malanje e em Cangandala foi realmente única – o tipo de experiência que muitos viajantes sempre procuram.
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