Desde as deslumbrantes Cataratas do Iguaçu no norte, até aos majestosos glaciares da Patagónia, no sul, a Argentina oferece uma diversidade de experiências verdadeiramente única. Este país é reconhecido pela sua deliciosa carne, pelo rico património cultural e pelas suas paisagens naturais de cortar a respiração.
Neste guia, iremos ajudá-lo a planear uma viagem inesquecível à Argentina, apresentando 50 dicas essenciais para explorar o país sem complicações e aproveitar ao máximo tudo o que tem para oferecer.
Organizámos este guia prático num formato simples, com 50 coisas que deve conhecer antes de visitar a Argentina. Incluímos destinos imperdíveis, conselhos para interagir com os locais, dicas sobre transportes, sugestões para gerir o orçamento, formas de poupar dinheiro e muito mais.
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Sobre a Argentina e os argentinos
Onde fica a Argentina?
#1 Com uma área de 2.780.400 km², a Argentina é o segundo maior país da América do Sul e ocupa grande parte da costa leste do continente.
A sua vasta geografia proporciona uma incrível diversidade de climas, paisagens, fauna e flora. A Argentina estende-se por cerca de 3.650 km de norte a sul e tem uma largura média de 1.400 km. O ponto mais largo chega a aproximadamente 2.000 km, entre a Cordilheira dos Andes e a costa do Atlântico.
#2 A Argentina faz fronteira com o Chile a oeste, separada pela imponente Cordilheira dos Andes, que se estende ao longo de quase toda a sua extensão. A norte, faz fronteira com a Bolívia e o Paraguai, e a nordeste com o Brasil e o Uruguai.
A leste, encontra-se o Oceano Atlântico, com um extenso litoral que se prolonga por cerca de 4.700 km, enquanto que a sul está a Terra do Fogo, com o famoso Estreito de Drake a separá-la da Antártida.
#3 Com um território vasto e diversificado, a Argentina apresenta uma geografia fascinante. Estendendo-se por 3.650 km de norte a sul, o país é caracterizado pela majestosa Cordilheira dos Andes a oeste e pelas extensas planícies da Pampa no centro e litoral leste.
O norte argentino é marcado pelo Chaco e as espetaculares Quebradas de Salta e Jujuy, com os seus vales coloridos e paisagens deslumbrantes. No sul, temos a Patagónia com os glaciares, montanhas, estepes e a mítica Tierra del Fuego. A leste, a costa atlântica oferece praias extensas e uma rica biodiversidade marinha, que não tivemos a oportunidade de explorar nesta viagem.
Esta diversidade de paisagens, altitudes e climas faz da Argentina um destino incrível, cheio de contrastes e lugares extremos que parecem de outro mundo.
#4Como já mencionámos, os Andes dominam a paisagem oeste da Argentina. É uma das cadeias montanhosas mais impressionantes do mundo e um dos destinos a não perder. Esta cordilheira inclui o Aconcágua, que, com 6.961 metros, é o pico mais alto das Américas, do Hemisfério Sul e de todo o mundo fora da Ásia.
A altitude extrema dos Andes varia ao longo do país, com vales altos e montanhas imponentes que proporcionam desafios únicos aos viajantes. Em regiões como Mendoza, Salta e Jujuy, as altitudes podem variar de 1.000 a mais de 4.000 metros em pouco tempo, o que pode causar efeitos como o mal de altitude (soroche).
Quando visitar estas regiões é importante aclimatar-se gradualmente, beber muita água e evitar esforço físico excessivo nos primeiros dias. Ainda assim, o mal de altitude pode afetar qualquer pessoa, pois as variações rápidas de altitude são difíceis de evitar em alguns destinos.
#5 Situada na costa do Rio da Prata, Buenos Aires é a capital e maior cidade da Argentina. É conhecida pela sua arquitetura de inspiração europeia, vida cultural vibrante e o tango. A sua região metropolitana tem uma população de aproximadamente 15 milhões de pessoas, tornando-se uma das maiores áreas urbanas da América Latina.
Outras cidades importantes incluem Córdoba, no centro do país, conhecida pela sua rica herança colonial e vida universitária, e Mendoza, famosa pela produção de vinho e pela proximidade com os Andes e com o Aconcágua.
Na Patagónia, Ushuaia, “a cidade do fim do mundo”, é o principal acesso à Terra do Fogo e à Antártida, enquanto El Calafate e El Chaltan atraem visitantes para os glaciares e trilhos de montanha. Embora sejam cidades muito pequenas, são cruciais para o turismo argentino.
Os Argentinos
#6 Em 2024, a Argentina tinha cerca de 47 milhões de pessoas, sendo que tal como referimos em cima cerca de 15 Milhões vive na área metropolitana de Buenos Aires. Ou seja, quase 1/3 da população vive na capital.
“Embora existam outras grandes cidades como Córdoba, Rosário e Mendoza, uma grande parte do território argentino é muito pouco densamente povoada. De fato, 92% dos argentinos mora em áreas urbanas.
Assim, é muito provável que uma viagem à argentina varie entre férias citadinas e zonas quase completamente despovoadas.
#7 Os argentinos descrevem o seu país como um “crisol de raças” devido à sua diversidade étnica. No entanto, a maioria da população tem origem europeia, sobretudo italiana e espanhola. Um estudo de 2010 revelou que 79% da ascendência dos argentinos é europeia, 18% indígena e 4,3% africana. Mas 63,6% dos argentinos têm pelo menos um ancestral indígena.
Apesar da predominância europeia, os povos indígenas, como os Mapuches, Qom, Guaranis e Diaguitas, continuam a desempenhar um papel importante na identidade do país, especialmente nas regiões norte e oeste.
#8 A imigração europeia para a Argentina ocorreu sobretudo no século XIX e início do século XX, com a chegada massiva de italianos e espanhóis, mas também de alemães, franceses e outros grupos. A comunidade argentina de itálo-descendentes tem mais de 25 milhões de pessoas, ou seja, mais de metade da população.
Estes imigrantes desempenharam um papel crucial no desenvolvimento cultural e económico do país, deixando uma forte influência na arquitetura, gastronomia e costumes locais. A Argentina acaba por ser muito familiar para nós europeus, pois é um país com uma forte influência da Europa, especialmente da Itália e da Espanha.
#9 Oficialmente, a Argentina é um país laico, com a separação entre o Estado e a Igreja. A constituição garante a liberdade religiosa e proíbe a intolerância religiosa, assegurando um ambiente de pluralidade e respeito às diferentes crenças.
A Argentina é um país predominantemente católico, com cerca de 62% da população a identificar-se como cristã. No entanto, uma parte crescente da população tem-se declarado ateia ou agnóstica, refletindo uma tendência de secularização habitual em muitos países.
#10 O espanhol, ou castelhano, é a língua oficial da Argentina e é falado por praticamente toda a população. Algumas línguas indígenas ainda são faladas, nomeadamente o Guarani e o Quechua.
Mas mesmo que não fale espanhol, não vai ter qualquer problema em comunicar pois o portunhol será suficiente para a comunicação básica. Além do mais, nas zonas mais turísticas e nas mais próximas ao Brasil, há imensas pessoas que falam algum português. Existem até bastantes tours em português.
Nós não tivemos qualquer problema em comunicar na Argentina, e nunca tivemos de recorrer ao inglês. Pela informação que recolhemos, nem todos falam, e o nível de proficiência varia, mas se se manter nas áreas turísticas não terá problemas.
Finalmente, se tiver com problemas em comunicar com alguém pode sempre tentar utilizar um tradutor automático, como este. Além disso, e como em qualquer outro lugar do mundo, simpatia e um sorriso levam-nos muito longe e ajudam imenso na interação com os locais.
Como são as pessoas?
#11 Existem imensas razões para gostar da Argentina, a começar pela beleza natural e diversidade do país, mas também vai encontrar muitas pessoas simpáticas e que gostam de conversar e comunicar.
Apesar de algumas exceções, sentimos que foram quase sempre que foram atenciosos e pareciam felizes por estarmos a visitar o seu país, curiosas sobre o nosso percurso e disponíveis para dar algumas dicas. Gostavam também que tentássemos ao máximo falar espanhol, e acham sempre curioso o nosso português ser diferente do que estão habituados.
Tudo isto torna a experiência de viajar na Argentina ainda mais agradável.
História e economia Argentina
#12 A história da Argentina durante o século XX é marcada pela instabilidade política. Um dos momentos mais significativos foi a chegada ao poder de Juan Domingo Perón, eleito presidente em 1946, e a implementação de políticas populistas e trabalhistas que dividiram a sociedade argentina.
Apesar de seu apoio popular, a economia argentina entrou em colapso devido a políticas económicas controversas e pressões externas, especialmente de organismos internacionais. A polarização política levou a confrontos entre peronistas e anti-peronistas, resultando em uma série de crises sociais e políticas que marcaram a história recente do país.
#13 Eva Perón, conhecida como Evita, esposa de Juan Domingo Perón tornou-se uma das figuras mais icónicas da história argentina. Durante o governo de seu marido, destacou-se por defender os direitos dos trabalhadores e das mulheres, sendo crucial na aprovação do sufrágio feminino em 1947.
Esta ajudou também os mais necessitados com programas de saúde, educação e habitação. Amada pelas classes populares e controversa entre as elites, Evita tornou-se um símbolo duradouro e a sua morte precoce em 1952, consolidou ainda mais o seu estatuto e lenda.
A sua vida inspirou o musical e filme “Evita”, com Madonna, e a famosa música “Don’t Cry for Me Argentina”, que eternizou sua história em palco e cinema.
#14 A instabilidade política culminou em golpes militares e ditaduras, com destaque para o golpe de 1976, que depôs a presidente Isabel Perón. O regime militar, liderado pela junta militar, instaurou uma ditadura brutal que durou até 1983.
Durante esse período, conhecido como a “Guerra Suja”, mais de 30 mil pessoas foram desaparecidas, milhares foram torturadas e muitas outras foram forçadas ao exílio. A repressão foi sistemática, com o governo militar tentando erradicar a oposição política. Foi uma das mais sangrentas da América Latina, e suas consequências ainda repercutem na sociedade até hoje.
#15 A Argentina tem enfrentado crises económicas sucessivas ao longo das últimas décadas, com um impacto profundo na vida de seus cidadãos: a de 1959, a de 1975-76, a de 1989-90, a atual (2023-24), e a maior de todas a de 2001.
A crise de 2001 foi particularmente devastadora. O país declarou falência o que levou em uma grande desvalorização do peso argentino, desemprego em massa, protestos violentos e a queda de vários presidentes. A economia entrou em colapso devido à dívida externa, à inflação e ao fracasso das políticas de austeridade.
Apesar de ter passado por um período de recuperação, a Argentina continuou a enfrentar instabilidade económica, com flutuações nas reservas internacionais, dívida crescente e uma inflação que nunca foi completamente controlada.
#16 Nos últimos 3 anos, a Argentina vive uma nova crise económica, marcada pela inflação descontrolada (chegou a ultrapassar os 300% anuais), a desvalorização contínua do peso e um aumento vertiginoso da pobreza, com o governo a enfrentar dificuldades em implementar políticas eficazes para conter a fuga de capitais e controlar a inflação.
O novo presidente Javier Milei (2023), conhecido por suas ideias libertárias, apresentou uma abordagem radical para a crise, impondo a dolarização da economia, cortes drásticos nos gastos públicos e privatizações de empresas estatais.
Apesar da grande desconfiança, e de um aumento da pobreza inicial, a sua proposta tem conseguido estabilizar a economia, tem sido sobretudo eficaz para combater a inflação e estabilizar o peso argentino. Esta crise e as soluções de Milei tornaram a argentina num país bastante mais caro para viajar, como vamos discutir nos pontos abaixo.
Climas da Argentina
#17 Devido à sua vasta extensão, a Argentina apresenta uma grande diversidade climática, que varia de norte a sul. Podemos no entanto dividir em algumas grandes regiões com climas distintos:
- Norte (Chaco e Salta): Clima quente e seco, com verões intensos (até 40°C) e invernos frescos. A região é marcada por períodos de seca e temperaturas elevadas durante grande parte do ano.
- Região Central (Buenos Aires): Clima temperado, com verões quentes e húmidos (25°C a 35°C) e invernos frios (5°C a 15°C). Outono e primavera são estações agradáveis.
- Sul (Patagónia e Terra do Fogo): Clima frio e ventoso, com verões frescos (5°C a 18°C) e invernos rigorosos, frequentemente com neve e ventos fortes.
- Região Andina (Mendoza e Cuyo): Clima árido e de montanha, com variações extremas de temperatura. Invernos frios e ensolarados, e verões quentes e secos.
Qual a melhor altura para visitar a Argentina?
#17 Devido à diversidade climática é muito difícil definir a melhor época para o país todo, e por isso a melhor altura para visitar a Argentina dependerá muito daquilo que procura e para onde planeia viajar.
A primeira coisa a ter em consideração é que o Verão Austral é entre Dezembro e Fevereiro. Nesta altura, os preços são mais elevados e há mais turistas. Por outro lado, é a melhor época para explorar a Patagónia, pois as temperaturas são mais amenas. É também uma boa altura para ir a Iguazu e às regiões costeiras.
No entanto, o inverno (junho a agosto) é ideal para desportos de neve nos Andes e para quem prefere evitar multidões. Já a primavera (setembro a novembro) e o outono (março a maio) oferecem temperaturas mais agradáveis e menos movimento, sendo excelentes para cidades como Buenos Aires e Mendoza.
Visitámos a Argentina, de norte para sul, entre Setembro e Dezembro e achamos o timing ideal para explorar ao ar livre. À medida que íamos para sul, o clima aquecia e quando chegamos à Patagónia já estava ameno e agradável na Patagónia e ainda sem muitos turistas.
É seguro viajar na Argentina?
#18 Sim, na nossa experiência, é relativamente seguro viajar pela Argentina, sendo um dos destinos mais populares da América do Sul. Há precauções que os turistas devem tomar, especialmente em cidades maiores como Buenos Aires, Córdoba e Rosário, especialmente devido à forte crise económica que se vive.
Em Buenos Aires, por exemplo, zonas como La Boca requerem alguns cuidados e atenção redobrada, especialmente fora das duas ou três ruas mais turísticas. Em La Boca o ideal será mesmo, ir e voltar de Taxi/Uber. Também ouvimos relatos de carteiristas em transportes e em áreas como o Microcentro mas seguindo cuidados básicos, a viagem é tranquila e segura.
Nós não sentimos grandes riscos em Buenos Aires, e a única zona mais problemática foi mesmo em La Boca, mas mesmo aí, não tivemos qualquer problema. Em todo o resto do país foi mesmo muito pacifico. Nota: não fomos a Rosário nem Córdoba, mas lemos que são das idades mais perigosas, especialmente Rosário.
Áreas turísticas como Iguazu, Patagónia e Bariloche são globalmente muito seguras. Como sempre, devemos estar atentos a furtos em locais movimentados, como transportes públicos, mercados e atrações turísticas, mas a nossa experiência foi 100% positiva.
Viajar para a Argentina
Turismo na Argentina
#19 Apesar de ser um dos principais destinos turísticos da América do Sul, o número de visitantes à Argentina também sofreu um forte impacto durante a pandemia. Em 2023, o país recebeu “apenas” cerca de 7 milhões de turistas, ainda abaixo dos 7,4 milhões de 2019, o seu melhor ano até então. Com a reabertura global, espera-se que em 2024 este recorde seja ultrapassado.
A maioria dos visitantes vem do Brasil, Chile e Uruguai, refletindo a proximidade geográfica. No entanto, há também muitos turistas dos EUA e da Europa, atraídos pela cultura mas sobretudo pelas paisagens deslumbrantes.
A diversidade natural, os preços mais competitivos devido à desvalorização do peso e as experiências únicas tornaram a Argentina mais atrativa. No entanto, o enorme aumento de preços sofrido em 2024 pode mudar esta situação.
#20 A Argentina é um dos destinos mais fascinantes para viagens ao ar livre, oferecendo paisagens incríveis e uma diversidade natural de que poucos países se podem orgulhar. Desde a imensidão da Patagónia, com os seus glaciares e montanhas, ao norte árido com as espetaculares Quebradas, o país atrai aventureiros e amantes da natureza de todo o mundo.
Além disso, muitas das atrações mais icónicas, como o Perito Moreno ou as Cataratas de Iguaçu, possuem excelente infraestrutura turística. Existem também imensos tours organizados que tornam estas maravilhas da natureza acessíveis a todos os tipos de viajantes de quase todas as idades.
O que visitar na Argentina?
#21 Buenos Aires é a capital, a maior cidade e o ponto de entrada da maioria dos turistas à Argentina – pelo menos dos que chegam de avião. Mas é muito mais que isso. É também o mais importante centro cultural da Argentina e um destino imperdível para quem quer explorar este país.
Alguns das coisas a não perder em Buenos Aires incluem:
- Caminito e La Boca – Ruas coloridas e atmosfera vibrante do tango. Também aqui que se encontra o estádio La Bombonera, a casa do Boca Juniores.
- Bairro de Recoleta e Cemitério da Recoleta – Bairro com arquitetura impressionante e sua principal atração o cemitério da Recoleta com túmulos históricos, incluindo o de Eva Perón.
- Plaza de Mayo – Centro histórico com a Casa Rosada e a Catedral Metropolitana.
- Teatro Colón – Um dos teatros de ópera mais conhecidos do mundo.
- Palermo – Bairro com parques, cafés, e vida noturna animada. Inclui o Jardim Botânico e o Jardim Japonês.
- San Telmo – Bairro típico com mercado tradicional, ruas de paralelos e feiras de antiguidades.
- Obelisco e Avenida 9 de Julio – Marco icónico e uma das avenidas mais largas do mundo.
- El Ateneo Grand Splendid – Instalada num antigo teatro, é uma das livrarias mais bonitas do mundo.
#22 As Cataratas de Iguazu são uma das grandes maravilhas naturais da Argentina e um dos destinos a não perder. Apesar de ficarem bem longe da maioria do resto dos destinos mais populares, valem a pena o desvio.
Formadas no Rio Iguazu, na fronteira entre a Argentina e o Brasil, e muito próximo da foz do Iguazu no rio Paraná, estas quedas de água estendem-se por cerca 2.7 quilómetros, e consistem em 275 cascatas individuais, criando um espetáculo impressionante de força e beleza. A maior queda é conhecida como Garganta do diabo e tem 80 metros de altura.
É necessário um dia completo para visitar o lado argentino, e outro para visitar o lado brasileiro. Nós apenas fomos ao lado argentino e podemos dizer que é sem dúvida a mais impressionante cascata que já visitamos. A dimensão e quantidade de quedas é incrível.
#23 O Noroeste argentino, nomeadamente as províncias de Salta e Jujuy são muito diferentes do resto do país. De facto, se estivermos distraídos até podíamos pensar que estávamos na Bolívia ou Peru pois é uma região andina e com forte influência Inca.
Esta é uma das regiões mais económicas da Argentina e cuja popularidade tem crescido rapidamente nos últimos anos pois existem imensas atrações e coisas para visitar. A cidade de Salta serve muitas vezes de base para excursões para toda a região.
Mas a própria cidade tem algumas atrações que valem bem a pena o nosso tempo, como:
- Museu de Arqueologia de Alta Montanha: onde se pode ver as múmias das “Crianças de Llullaillaco” e outros artefactos históricos. Mas aquilo que realmente nos fica marcado são as múmias com mais de 500 anos extraordinariamente preservadas. É algo absolutamente único.
- Catedral de Salta: Impressionante catedral na praça central de Salta
- Cerro San Bernardo: Onde se tem uma vista panorâmica da cidade. Pode-se subir por teleférico ou trilho.
- Cabildo de Salta: Edifício histórico com exposições sobre a história da cidade e região.
Para além dos monumentos e atrações na cidade, existem também muitos destinos relativamente perto, como por exemplo:
- Quebrada de Humahuaca: Património da UNESCO com paisagens coloridas e vilas tradicionais.
- Purmamarca e Cerro de los Siete Colores: Montanha de sete cores ao lado de uma charmosa vila.
- Salinas Grandes: Deserto de sal deslumbrante. Um dos maiores do mundo.
- Tilcara e Pucará de Tilcara: Ruínas arqueológicas e cultura andina.
- Hornocal: Montanhas multicoloridas conhecidas como “Serranías de los 14 colores”.
- Tren a las Nubes: Passeio de comboio panorâmico pelos Andes.
- Valles Calchaquíes: Paisagens espetaculares, vinícolas e vilas como Cafayate.
Algumas pessoas preferem fazer tours a partir de Salta, outras preferem ir de transportes públicos e ir visitante cada uma delas. Ambas são perfeitamente possíveis, e depende sobretudo de como gosta de viajar, do tempo que tem e do seu orçamento. Nós acabamos por ficar alguns dias em Tilcara, e visitando a cada dia uma atração diferente. Foi das partes mais agradáveis de toda a viagem pela Argentina.
#24 A região de Bariloche é também extremamente popular entre turistas devido às paisagens deslumbrantes, que combinam montanhas cobertas de neve, lagos cristalinos e florestas densas. No Inverno é muito popular entre amantes de Ski.
A cidade fica nas margens do lago Nahuel Huapi e é uma das mais organizadas e limpas da argentina, sendo muitas vezes apelidada de Suíça da Argentina, devido às montanhas e arquitetura da mesma. É até conhecida pelo seu Chocolate artesanal.
Uma das coisas a não perder perto de Bariloche é a rota dos sete lagos, um percurso de 110km entre Vila Angustura e San Martin de los Andes onde se pode avistar sete lagos de águas cristalinas, rodeados por montanhas e florestas. É um percurso muito bonito, mas aconselhamos que o faça em 2 dias.
Mais perto do centro temos o Circuito Chico, um caminho de 60km onde se pode desfrutar de vistas deslumbrantes do enorme Lago Nahuel Huapi, montanhas cobertas de neve, florestas e ilhas.
#25 El Calafate é uma das principais cidades turísticas da Patagónia Argentina. Apesar de relativamente pequena, atrai imensos turistas todos os anos, devido sobretudo à sua proximidade ao Glaciar Perito Moreno e ao restante Parque Nacional de lo Glaciares.
O Glaciar Perito Moreno é um dos maiores e mais impressionantes glaciares do mundo destacando-se, pelo seu azul profundo, movimento constante e a espetacular queda de blocos de gelo no lago.
No entanto, umas das melhores coisas do Perito Moreno é a facilidade de acesso. Visitar um glaciar é normalmente uma atividade difícil, demorada e cara, mas devido a geografia do local, é possível ir até muito próximo do glaciar caminhado através de passadiços. As vistas e miradouros são realmente de outro mundo.
#26 El Chaltan fica relativamente próximo de El Calafate (cerca de 4 horas de carro ou autocarro) e é conhecida (ou auto-intitulada) de capital mundial das caminhadas. É uma localidade extremamente pequena, e vive exclusivamente do turismo de aventura e caminhadas. Ainda assim, é bastante bonita e charmosa, com uma arquitetura muito alpina.
A maior atração de El Chaltan é o Cerro Fitz Roy, uma das montanhas mais famosas da Patagónia. O trilho mais popular é o da Laguna de los Tres que nos permite ir até bem próximo do Fitz Roy e ter vistas fantásticas.
Este é um trilho bastante longo e relativamente duro, mas apenas devido aos últimos 2 km. Até lá, é possível de ser feito por quase toda a gente. A parte final é muito inclinada, mas com calma, qualquer pessoa habituada a caminhada consegue fazer. Tenham atenção com o vento, pois pode ser extremamente forte.
A cidade é o ponto de partida para diversos outros trilhos, como o para Laguna Capri, que é um passeio mais curto e acessível, ou para a Laguna Torre que tem um percurso mais duro. Mas também para outras atividades como o Chorrillo de Salto e o lago del desierto.
#27 Situada na Terra do Fogo, no extremo sul da Argentina, Ushuaia é considerada a cidade mais austral do mundo. É naturalmente um lugar extremamente turístico e além de ser o ponto de partida para a Antártida, está também rodeada de imensas atrações e tours a não perder:
- Parque Nacional Tierra del Fuego – um dos parques mais populares da Argentina. Apesar das zonas visitáveis serem relativamente pequenas, é de uma beleza enorme e tem diversos trilhos com graus de dificuldade muito variados. Se preferir um tour, veja este.
- Canal Beagle – a melhor forma de conhecer o canal Beagle é sem dúvida através de um passeio de barco. Estes passeios normalmente incluem visitar ao farol, ir à ilha dos leões marinhos e uma pequena caminhada.
- Comboio do Fim do Mundo – Um passeio histórico que segue o percurso utilizado pelos antigos prisioneiros de Ushuaia. Oferece vistas panorâmicas do parque e das paisagens envolventes.
- Ilha Martillo (Colónia de Pinguins) – a ilha Martillo é a única colónia de pinguins que se pode visitar a partir de Ushuaia. Para lá ir tem de fazer um tour, como este.
- Lagoa Esmeralda – Um trilho relativamente curto e grátis, pois fica fora do parque nacional. Foi uma das nossas atividades favoritas. A lagoa e toda a caminhada são realmente bonitas.
- Glaciar Martial – Trilho pela montanha acima até chegar (perto) do glaciar. Este glaciar está praticamente desaparecido, mas as vistas de lá de cima são fabulosas. É muito fácil ir de taxi/uber para o início do trilho.
- Cerro Castor – Estância de esqui moderna e bem equipada, excelente para desportos de neve no inverno
O clima é mais uma das coisas que torna Ushuaia única. Os Verões são curtos e frios, enquanto que os invernos são rigorosos. Também por isso é um lugar com um charme especial em todas as estações do ano.
A maior desvantagem de Ushuaia são os custos. Praticamente tudo na cidade é extremamente caro, mas a comida e os tours são particularmente problemáticos e tornam a experiência um pouco menos agradável. Pela nossa experiência, não dá para evitar esses custos, e por isso se decidir ir a Ushuaia, aceite que é um lugar extremamente caro e onde vai gastar bastante mais do que inicialmente podia esperar.
#28 Acima falámos um pouco dos destinos mais icónicos da Argentina e que visitámos durante a nossa viagem de cerca de um mês. No entanto, existem muitos outros que não conhecemos e que poderá considerar incluir no seu itinerário, dependendo do seu orçamento e tempo.
Aqui ficam algumas das nossas sugestões de lugares que equacionamos visitar mas ainda não tivemos oportunidade:
- Mendoza e Vale do Uco – explore as vinhas mais famosas do país, prove vinhos de altitude e aproveite o charme da região.
- Cordilheira dos Andes e Aconcágua – fazer caminhadas em trilhos como o Trekking de Confluencia, com vistas espetaculares para a montanha mais alta das Américas.
- Parque Nacional Los Alerces – mais uma joia natural na Patagónia, com lagos cristalinos, trilhos de montanha e florestas de alerces milenares.
- Esteros del Iberá – uma alternativa menos turística às Cataratas do Iguaçu, com vida selvagem incrível e experiências de eco-turismo.
- Mar del Plata e Costa Atlântica – relaxe nas praias ou experimente atividades como surf e passeios de barco.
- Córdoba e Sierras de Córdoba – uma mistura de natureza, aventura e história, com trilhos e locais históricos como as Estâncias Jesuítas.
Cada um destes destinos reflete a diversidade natural e cultural da Argentina, oferecendo experiências únicas para enriquecer o seu itinerário. Embora não possamos aprofundar as dicas sobre cada um, são excelentes alternativas dependendo dos interesses e objetivos da sua viagem.
Comida na Argentina
#29 A comida Argentina reflete a mistura de influências indígenas e europeias, especialmente italianas e espanholas, resultando em pratos como as empanadas, as milanesas e as massas artesanais. E, depois claro, há a carne. A Argentina é conhecida mundialmente pela sua carne nomeadamente o bife de chorizo, o asado, e a parrillada
Para muitos viajantes (nós incluídos), uma das maiores atrações de qualquer destino é a comida, mas aqui a Argentina não correspondeu às expectativas. Sabemos que para muita gente a comida é um ponto alto da experiência argentina, particularmente a carne, mas não foi de todo a nossa experiência. Vamos explicar porquê.
#30 Embora tenhamos encontrado alguns bons pratos e algumas refeições memoráveis, tivemos mais refeições desapontantes ou mesmo más. Além disso, ficámos quase sempre desiludidos com a relação qualidade-preço. Raramente a qualidade dos ingredientes ou o cuidado na sua confeção justificavam os preços elevados. Em muitos lugares parecia faltar brio e orgulho em servir coisas com qualidade.
Houve exceções, especialmente fora das zonas mais turísticas, mas no geral foi dececionante. A patagónia foi particularmente fraca em termos de comida. Felizmente as paisagens são tudo aquilo que esperávamos ou até um pouco mais.
Além disso, muitos pratos pareciam adaptações de receitas europeias, sobretudo italianas, mas sem o mesmo impacto. Prepare-se para muitos pratos de massa, pizzas, e semelhantes em quase todo o país.
#31 No que diz respeito à carne tivemos todo o tipo de experiência, desde excelente até situações em que ficamos deveras desapontados.
Um detalhe importante é que os argentinos têm a tendência para servir a carne mais passada do que o habitual. Notámos isso em quase todos os restaurantes de carne que visitámos, até mesmo em alguns bastante conceituados. Depois de algumas experiências, começámos a pedir carne mal passada para garantir algo mais próximo do ponto médio-mal.
Além disso, a carne, apesar em algumas ocasiões ter qualidade, raramente justificava os preços elevados. Por exemplo, pagar cerca de 40-50 Euros por um bife de chorizo de 500 gramas (sem acompanhamento) é um exagero. Além disso, acompanhamentos como batatas fritas por vezes custam 8-10 euros, o que torna as refeições consideravelmente caras.
O que comer na Argentina
#32 A parillada e o assado são sem dúvida os pratos mais conhecidos da gastronomia argentina, mas além destes existem alguns outros pratos que vale a pena experimentar. Aqui estão alguns dos nossos favoritos:
- Choripán: Um petisco simples, mas delicioso. Trata-se de um pão recheado com salsicha fresca grelhado e, muitas vezes, coberto com chimichurri, o que lhe dá um sabor especial. É perfeito como entrada ou snack rápido.
- Empanadas: Muito populares na Argentina, mas com variações regionais. As versões de carne, queijo e humita (milho cremoso) são as mais típicas. Tanto podem ser assadas no forno como fritas. As nossas favoritas foram sem dúvida as de Salta.
- Milanesa: Um bife de carne (geralmente de vaca) panado e frito, muitas vezes servido com batatas fritas ou puré. Existe ainda a versão à Napolitana, que leva molho de tomate, fiambre e queijo derretido por cima.
- Locro: Um guisado tradicional à base de milho, feijão, carne de porco, chouriço e abóbora. É um prato típico das festividades nacionais e ideal para dias frios.
- Provoleta: Uma entrada feita com queijo provolone grelhado. É servido quente, com uma crosta dourada por fora e derretido por dentro, muitas vezes acompanhado de orégãos e um toque de azeite. É bom, não tem como não ser, mas esperávamos mais.
- Humita: Um prato típico do noroeste da Argentina, feito com uma pasta de milho fresco misturado com queijo, envolvida em folhas de milho e cozida a vapor.
- Cazuela: Este ensopado é muito consumido, especialmente nas regiões andinas. Pode levar carne de vaca, frango ou até cabrito, acompanhada de vegetais como batata, abóbora e milho.
- Chipa Guazú: Um prato típico do norte da Argentina, feito com milho fresco, queijo e ovos. É semelhante a um pão de milho, mas muito mais húmido e saboroso.
#33 As sobremesas argentinas são um reflexo da forte influência europeia, especialmente italiana e espanhola, com um toque local que as torna únicas ou pelo menos ligeiramente diferentes. Em grande parte, são também partilhadas com o Chile e Uruguai.
Estas são algumas das sobremesas que mais gostámos e que recomendamos experimentar:
- Dulce de Leche: Sem dúvida o ingrediente estrela da confeitaria argentina. É utilizado em bolos, tortas, alfajores, churros e até consumido diretamente com pão ou bolachas. O sabor é rico e doce. É impossível sair da Argentina sem o provar.
- Alfajores: Um clássico argentino e um dos doces mais icónicos do país. Consiste em duas ou mais camadas de massa suave recheadas com dulce de leche, cobertas com chocolate ou açúcar em pó. Existem várias marcas e estilos, desde artesanais até industriais.
- Torta Rogel: Uma sobremesa elegante feita com várias camadas finas de massa crocante, intercaladas com dulce de leche e cobertas com um merengue suave e dourado.
- Flan con Dulce de Leche: Semelhante ao pudim português, mas na Argentina é frequentemente servido com uma generosa dose de dulce de leche e, por vezes, chantilly.
- Pastafrola: Uma tarte tradicional feita com uma base de massa amanteigada e recheio de membrillo (doce de marmelo), batata-doce ou dulce de leche, com uma cobertura em forma de grade.
- Facturas: Um tipo de pastelaria muito popular para acompanhar o mate ou café. Inclui medialunas (semelhantes a croissants), vigilantes, bolas de fraile e outros, muitos deles recheados com dulce de leche ou creme.
Estas sobremesas representam a riqueza e a doçura da cultura gastronómica argentina, onde o dulce de leche é rei e os sabores europeus se combinam com o toque local para criar autênticas delícias!
#34 A bebida mais tradicional e emblemática da Argentina é sem dúvida o mate. Feita com erva-mate, uma planta nativa da região é preparada numa cuia com água quente, a bebida é consumida de forma ritualizada e compartilhada. Além de um símbolo do próprio país e do seu povo, o mate é um símbolo de socialização e amizade.
O mate é uma bebida energética e contém cafeína, e na cultura argentina acaba por substituir de alguma forma o café. De facto, o café na argentina é bem menos consumido que em outros países, devido à preponderância do mate e da sua importância cultural no país. Este é consumido ao longo de todo o dia e em qualquer lugar, o que o torna parte do quotidiano do país.
O mate é igualmente importante no Paraguai e no Uruguai. Também é relevante no Chile e Brasil, mas é mais regional e menos prevalente.
Moeda e Custos de viajar na Argentina
Moeda e pagamentos
#35 Uma das primeiras coisas que precisa de saber antes de ir à Argentina é que a moeda oficial é o Peso Argentino (ARS). No início de 2025, a taxa de câmbio oficial é de aproximadamente 1 USD = 1.041,5 ARS. Para simplificar vamos fazer 1 USD=1000 pesos.
No entanto, devido à elevada inflação e à desvalorização contínua do peso, existe um mercado paralelo conhecido como “dólar blue”, onde a taxa de câmbio costuma ser significativamente mais alta. Durante 2023, o valor do dólar blue, chegou a ser quase o dobro da taxa oficial.
Esta diferença cambial tem vindo a diminuir à medida que as medidas de estabilização da economia e da moeda têm sido aplicadas. Atualmente, o prémio por trocar no mercado não oficial é entre 15 e 20%. Apesar de ser muito menor, é ainda assim uma boa forma de poupar na Argentina.
#36 A nossa recomendação é que leve dólares americanos em numerário para trocar por pesos no mercado paralelo, obtendo assim uma taxa de câmbio mais favorável. Em locais como Buenos Aires, é comum realizar estas trocas na Calle Florida. Em cidades mais pequenas pode não ser possível trocar dinheiro na rua.
Contudo, deve ser prudente e assegurar-se que está a lidar com fontes confiáveis para evitar fraudes. Quando o fizemos fomos para um lugar mais resguardado com máquina de contar notas e tudo. Foi bastante tranquilo. Nota importante: leve apenas notas de 50 e 100 USD que estejam absolutamente perfeitas e novas. As outras terão uma taxa de câmbio pior, ou podem até nem ser aceites.
Evite levantar dinheiro em ATMs ou pagamentos com o cartão, pois as taxas são elevadas e o câmbio aplicado é o oficial. Planeie as suas trocas de dinheiro de forma estratégica para minimizar riscos e evitar transportar grandes quantias de dinheiro.
Custos de Viajar à Argentina
#37 A Argentina nunca foi particularmente barata, mas após a última crise e estabilização cambial e tornou-se num dos países mais caros da América Latina, mesmo quando comparado com o Chile e o Uruguai. Nesta viagem fomos aos 3 e foi na Argentina que tivemos mais problemas em conseguir bons negócios.
Como dissemos, a Argentina não é barata em geral, mas é importante ressalvar que os custos variam bastante consoante a região e o perfil do turista. A Patagónia (Ushuaia, El Calafate, El Chaltén e Bariloche em particular) é bem mais cara do que o noroeste, Salta e Jujuy.
Em Buenos Aires, existem tanto opções muito caras como outras mais em conta. Ou seja, ainda é possível encontrar uma boa relação qualidade-preço se procurarmos bem.
Mas vamos analisar todos os custos com um pouco mais de detalhe.
#38 Excluindo os voos, pois dependem imenso de onde partimos,gastámos, em média, 100 USD por dia, viajando como casal, o que resulta numa média de 50 USD por pessoa. No entanto, temos de referir que este valor foi bastante subestimado por termos tido alguns dias de descanso, pelas poupanças do dólar blue, e por algumas atividades serem tão caras que simplesmente decidimos não as fazer (alguns tours em Ushuaia por exemplo).
Dito isto, é também relevante referir que viajamos de mochila às costas e tentamos sempre manter os nossos custos de viagem controlados. Além disso, os custos de viagem dependem também da época do ano e nós viajamos na Argentina em época média. Em época alta seria bem mais elevado. Também viajamos a um ritmo relativamente lento, o que ajuda a controlar os custos diários.
Custos de comida na Argentina
#39 Depois da crise de 2023/24, comer na Argentina é quase sempre caro, independentemente do tipo de restaurante, seja comida de rua ou até comprar ingredientes para cozinhar.
Ainda assim, e como sempre, a melhor estratégia para poupar é explorar mercados locais e cozinhar nos alojamentos, especialmente em destinos mais turísticos, onde os preços tendem a ser realmente altos. No entanto, em cidades como Ushuaia, Bariloche ou El Calafate, espere que ingredientes básicos sejam bem mais caros do que em Portugal. Por vezes, 2 ou 3 vezes mais caros para produtos frescos.
Além disso, pratos de carne, uma das especialidades do país e o que muitas pessoas mais anseiam experimentar na Argentina podem não justificar os preços elevados.
Custos de alojamento na Argentina
#40 Ao contrário da alimentação, o alojamento na Argentina pode ser muito barato, especialmente para quem procura hostels ou guesthouses simples.
Um quarto duplo pode custar entre 20 e 30 USD em regiões menos turísticas, mas esse valor pode subir nas grandes cidades ou destinos mais procurados. Por exemplo, em destinos como El Calafate ou Ushuaia, os preços tendem a ser consideravelmente mais altos (40-50 USD) devido à alta procura e localização remota.
Atrações e transportes
#41 A maioria das atrações turísticas da Argentina também são pagas, e os seus custos aumentaram consideravelmente durante 2024.
As grandes atrações naturais como as Cataratas de Iguazu, os trilhos de El Chalten, o Perito Moreno ou o Parque Nacional da Tierra del Fuego têm todas custos elevados. Pode ver aqui os preços atualizados, mas espere valores entre 20 e 45 USD por dia para cada um, o que na nossa opinião é extremamente caro para atrações naturais.
Estes são valores apenas para entrar nos parques, se optar por tours ou excursões adicionais, terá de pagar por eles também, e normalmente são também bastante caras.
Por outro lado os transportes públicos e os Uber/taxi são relativamente acessíveis. As grandes distâncias no país tornam os voos essenciais para itinerários apertados. Para destinos remotos como a Patagónia, os custos de transporte, tanto terrestres quanto aéreos, podem pesar mais no orçamento.
Curiosamente, para algumas rotas fica mais barato viajar de avião do que de autocarro. Um bom planeamento é essencial para equilibrar o orçamento, o tempo disponível e priorizar as experiências mais importantes para si!
Deve-se dar gorjeta na Argentina?
#41 Na Argentina, as gorjetas são conhecidas como “propinas” e, tal como no Chile, não são obrigatórias, mas são amplamente esperadas em restaurantes. No entanto, nem sempre eram sugeridas/recomendadas, o que nos causou alguma estranheza, e por vezes não sabíamos o que esperar.
Em restaurantes, é comum deixar uma propina de 10% do valor da conta. Ao contrário de outros países, essa taxa geralmente não está incluída no recibo, mas na maioria das vezes pode ser incluída no pagamento com cartão.
Apesar de por vezes os valores serem bastante elevados, recomendamos seguir o costume local e oferecer uma propina adequada, especialmente se recebeu um bom atendimento. É uma forma de mostrar apreço e apoiar os trabalhadores locais.
Como Viajar na Argentina
#42 Durante as nossas viagens pela Argentina, utilizámos uma combinação de voos internos, autocarros de longa distância, táxis e aluguer de viatura. Esta estratégia funcionou bem, permitindo-nos ajustar os custos, equilibrando preço, tempo e flexibilidade.
Para distâncias longas, como de Buenos Aires a Ushuaia ou da Patagónia para o norte, os voos são praticamente indispensáveis devido às enormes distâncias. Existem autocarros, mas os tempos de viagem são enormes e os custos semelhantes e por vezes superiores aos voos.
Noutros percursos, os autocarros de longa distância podem ser uma alternativa económica e confortável, sobretudo devido aos autocarros “coche cama”, que oferecem camas bastante confortáveis. Estas viagens são populares para trajetos como Buenos Aires a Mendoza ou Bariloche, permitindo ainda poupar uma noite de alojamento.
Existe uma rede de comboios, mas é relativamente pequena e não vai a muitos dos destinos que procurávamos e por isso não tivemos oportunidade de a usar.
#43 Para explorar determinadas regiões como Bariloche ou Salta, por vezes é melhor (e até mais barato) alugar um carro. A flexibilidade de conduzir permite visitar atrações remotas que não são bem servidas por transportes públicos e cujos tours organizados são extremamente caros. Na Patagónia, por exemplo, um carro facilita explorar os parques nacionais ao seu ritmo e evitar multidões.
Por fim, para deslocações urbanas, os táxis e as apps de transporte como Uber são fáceis de usar e baratas. Embora também seja perfeitamente possível usar os transportes urbanos em Buenos Aires, por exemplo.
Seja qual for o meio de transporte que escolha, não desvalorize as distâncias e os tempos de viagem. O país é realmente muito grande (e longo), existem poucas autoestradas, e por vezes as estradas não são excelentes.
Alugar viatura na Argentina
#44 O aluguer de carro na Argentina não é muito caro, mas depende bastante da época do ano e também da região. Em época intermédia conseguimos alugar carro por menos de 30-40 Euros por dia, utilizando o site Discover Cars.
Claro que em época alta é normal ser mais caro, mas ainda assim provavelmente vai valer a pena pois é difícil encontrar tours na Argentina por menos 50 Euros por pessoa, e facilmente ultrapassam os 100 Euros por pessoa.
O processo de alugar carro é perfeitamente normal e igual a qualquer outro país. Como em qualquer outro lugar, sugerimos sempre que tire fotos e faça vídeo do estado da viatura para evitar problemas futuros. Não tivemos qualquer problema e os carros eram até bastante recentes.
Conduzir na Argentina
#45 Conduzir na Argentina não é tão complicado como noutros países da América Latina, mas é importante praticar sempre uma condução defensiva. Na nossa experiência, os argentinos são muito pouco pacientes, especialmente nas grandes cidades.
Não aconselhamos de todo conduzir em Buenos Aires (ou outras grandes cidades), pois será sobretudo uma perda de tempo e paciência. É mais fácil e barato usar Ubers ou transportes públicos.
Nas zonas rurais existe tão pouco trânsito que não terá problemas de maior. Resumindo, se está habituado a conduzir fora do seu país, não será na Argentina que terá dificuldades.
Por último, temos de notar que na Patagónia (e noutras zonas menos povoadas) existem longos percursos em terra e cascalho. Apesar de em não termos sentido qualquer necessidade de usar uma viatura 4×4, é necessária prudência para não estragar a viatura.
Que souvenirs comprar na Argentina?
#46 A Argentina é um país inesquecível, com uma cultura e hábitos únicos. É o tipo de destino que se vai lembrar durante toda a sua vida, e por isso um destino perfeito para comprar souvenirs que o vão relembrar este magnífico país.
Felizmente existem bastantes coisas que pode trazer consigo. Alguns dos nossos favoritos são:
- Mate e bombilla: Como referimos em cima, o mate é a bebida nacional da Argentina, e levar uma cuia (recipiente tradicional) e uma bombilla (palhinha de metal) é uma excelente forma de trazer essa tradição para casa.
- Produtos de couro: A Argentina é também conhecida pela qualidade do seu couro e como tal pode encontrar carteiras, cintos, malas e casacos de couro em muitos mercados e lojas especializadas.
- Vinho argentino: O país é famoso mundialmente pelos seus vinhos, especialmente o Malbec da região de Mendoza, que é uma excelente escolha de souvenir.
- Alfajores: Estes doces recheados de doce de leite são um clássico argentino e podem ser encontrados em qualquer supermercado ou loja gourmet.
- Doce de leite: É mais cremoso e doce do que outras versões sul-americanas e pode ser usado em sobremesas, em bolos, ou simplesmente saboreado à colher.
- Produtos têxteis: Pode encontrar mantas, ponchos e outros têxteis artesanais feitos de lã de alpaca ou ovelha, sobretudo no nordeste (Salta e Jujuy). Pessoalmente, adorámos as nossas camisolas de lã de alpaca, que são macias e muito quentes.
- Facas gaúchas: Se procura algo único e artesanal, as facas tradicionais dos gaúchos têm muitas vezes cabos de madeira ou prata.
- Arte e artesanato indígena: Máscaras, cerâmicas e outros objetos feitos à mão, muitas vezes inspirados nas culturas indígenas do país.
Internet na Argentina
#47 Apesar das crises constantes, a Argentina é um destino desenvolvido e moderno e por isso qualquer alojamento tem WIFI grátis, pelo que esta não é uma grande preocupação. Apenas convém confirmar nos comentários sobre a qualidade do sinal.
Caso queiram usar dados móveis, então deve comprar um cartão de dados local ou um eSim. Nós optamos por comprar um cartão de dados local e é extremamente barato.
O processo de compra e registo é um pouco estranho, mas basta ir a um qualquer loja de uma das empresas de comunicação, comprar o cartão e pedir ajuda com o processo. Nós compramos da Claro e funcionou bastante bem. Tivemos rede praticamente sempre.
Limpeza, poluição e reciclagem
#48 Na nossa opinião, a Argentina está ainda numa etapa intermédia na gestão de resíduos e poluição. As zonas rurais, parques e áreas naturais são bastante limpas, mas algumas áreas urbanas, especialmente mercados, áreas com vendedores de comida de rua e restaurantes, apresentam algum lixo. Buenos Aires, por exemplo, tem zonas extremamente sujas, enquanto outras são muito bem cuidadas.
Ainda assim, é importante notar que a situação na Argentina não é tão problemática como noutros países da América Latina que visitámos. Apesar de haver muito trabalho a fazer, nota-se uma tentativa de melhorar as condições em várias regiões.
As áreas naturais, como os parques nacionais, são geralmente bem preservadas, com um grande esforço para proteger o ambiente. A Patagónia, em particular, é de uma limpeza exemplar, o que reflete a importância da preservação ambiental nas áreas mais turísticas. Como gostamos de dizer: “é só para ver, não é para tocar!”
Tomadas elétricas
#49 As tomadas elétricas na Argentina são do tipo C e I, com 220V de voltagem e frequência de 50 Hz. O tipo C é comum na Europa, incluindo Portugal, mas o tipo I é bastante diferente e requer adaptador.
Ou seja, se vier da Europa Continental (Portugal incluído) ou outros países com mesmo tipo de tomadas pode precisar de adaptador. Assim, sugerimos este adaptador, e se precisar de conversor de frequência sugerimos este.
Confirme igualmente se a voltagem e frequência são diferentes das do seu país. Normalmente os computadores, telemóveis e afins funcionam com qualquer voltagem pois têm conversor, mas eletrodomésticos, secadores de cabelos vão precisar de transformador.
Documentação para entrar na Argentina
#50 Cidadãos portugueses (e de muitas outras nacionalidades) não precisam de visto para entrar na Argentina para estadias de até 90 dias. O mesmo se aplica a cidadãos brasileiros, que podem entrar apenas com o passaporte ou até mesmo com o cartão de identidade.
Esta regra aplica-se exclusivamente a estadias de turismo. Se o motivo da visita for trabalho ou residência, será necessário verificar os requisitos específicos junto às autoridades argentinas. Além disso, é sempre aconselhável ter em mãos o bilhete de saída do país e um comprovativo de meios financeiros para sustentar a estadia, já que podem ser solicitados à entrada.
Guia de Viagem Argentina
Finalmente, se quiser comprar um guia de viagem, sugerimos este guia da Lonely Planet que tem bastante informação útil. Este guia também inclui o Uruguai, um país vizinho, ideal para quem quiser expandir a viagem.