Neste artigo vamos explicar como fazer um trilho de um dia em Sapa, uma das mais bonitas e populares do Vietname. Vamos explorar as diferentes opções de trilhos e explicar a que escolhemos, quando é a melhor altura do ano, os custos, onde ficar em Sapa, o que levar e tudo o resto.
A região de Sapa ou Sa Pa é uma das mais bonitas do Vietname e por isso tem atraído cada vez mais viajantes e aventureiros. Os principais pontos de interesse de Sapa são as montanhas e vales da região que criam paisagens deslumbrantes.
Nesses vales e montanhas foram construídos socalcos que permitem a produção de arroz e que se tornaram uma atração turística pelos efeitos que criam na paisagem.
Uma das melhores formas de explorar os arrozais é fazer um trilho pelos mesmos, começando em Sapa, descendo as encostas e passando por diversas aldeias típicas. Existem imensos trilhos com diferentes níveis de dificuldade e duração. Vamos falar um pouco disso, mas vamos sobretudo nos focar no que trilho que escolhemos.
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Trekking em Sapa tem de ser com guia?
Apesar de ser possível fazer caminhadas sozinho pelo vale e pelas estradas na região de Sapa, a nossa recomendação é que fazer com guia. Particularmente se quiser caminhar pelos arrozais e visitar as aldeias das tribos, pois dessa forma terá alguém para o guiar.
Não existe nenhuma limitação, e pelo que nos apercebemos é possível explorar por nós próprios, mas também não existem indicações para os caminhos a seguir, e são imensos!
Como arranjar guia em Sapa?
Basta sair à rua em Sapa e vai ter imensas ofertas para trekking em Sapa.
Os guias são normalmente mulheres das tribos locais das aldeias de montanha, e estas oferecem os seus serviços na rua, metendo conversa com os turistas. É extremamente fácil, mas também desconfortável pois são imensas ofertas, e não há grande forma de discernir entre elas.
Por isso, acabamos por pedir ao nosso alojamento indicação e foi-nos dado um contacto que usamos para organizar uma caminhada. É possível organizar uma caminhada privada ou em grupo com outros viajantes. Nós preferimos em grupo, pois além de mais barato, permite também conhecer e contactar outros caminhantes.
Pagamos 20 USD por pessoa, o que nos pareceu um valor razoável pois além do guia inclui almoço num restaurante local e transporte de volta ao centro de Sapa.
Que trilhos fazer?
Existem imensas possibilidades de trilhos para fazer em Sapa, mas o que escolhemos e provavelmente o mais habitual é incluir a visita a várias aldeias de montanha (normalmente de diferentes tribos), almoço num restaurante local numa das aldeias, e transporte de volta a última aldeia.
O percurso que fizemos começou em Sapa, passou pela pequena aldeia Y Lihn Ho, depois pela bastante maior Lao Chai, onde almoçamos, e terminou em Ta Van. Em baixo vamos descrever mais pormenorizadamente o percurso e o que esperar de cada local.
No entanto, se quiser fazer outros percursos, existem imensas outras possibilidades como que vão desde percursos muito fáceis que qualquer um consegue fazer, a alguns muito exigentes, tanto de um como de vários dias. Algumas opções são:
- Sapa – Cat Cat – este é talvez o trilho mais fácil a fazer. A aldeia Cat Cat fica bastante perto de Sapa e é sempre a descer. Pelo caminho há imensos cafés com vistas fabulosas que pode aproveitar para parar. Para voltar, se não quiser fazer a caminhada, pode sempre apanhar um taxi-moto. Não necessita de guia para fazer este percurso.
- Sapa-Cat Cat-Sin Chai – Com 7 km é um pouco mais longo. A primeira parte é igual ao anterior, mas depois segue pelo vale até à aldeia Sin Chai. Não o fizemos, mas dizem que é uma aldeia bonita e ainda com pouco turismo.
- Subir ao Monte Fansipan – é um trilho muito duro, normalmente feito em 2 dias e uma noite. São 11km, mas o monte Fansipan é o ponto mais alto do Vietnam, por isso prepare-se bem. Nota: se quiser ir ao topo do Fansipan, pode ir confortavelmente de teleférico, não precisa de fazer o trilho.
- Sapa – Love Waterfall – Silver Waterfall – Y Linh Ho – Ta Van – Trilho de 2 dias pelo vale, que além de Ta Van e Y Linh Ho de que vamos falar em baixo, leva-nos também a duas famosas cascatas da região de Sapa.
- Existem muitos outras opções de percursos que vão às aldeias das diferentes tribos de montanha da região!
É possível fazer trilho de vários dias?
Sim, existem trilhos organizados de um dia, de dois, três ou até mais. Normalmente os trilhos de um dia incluem transporte e comida, enquanto os de vários dias, incluem transporte e alojamento em homestays em aldeias das tribos.
Apenas fizemos o trilho de um dia, pelo que não podemos comentar sobre os trilhos de vários dias. Mas se tiver energia e vontade serão com certeza uma experiência brutal.
Trilho pelos arrozais de Sapa – informação geral
- Nome: Trekking Sapa – Lao Chai – Ta Van
- Inicio – Sapa
- Fim – Ta Van
- Distância – 12 km
- Tempo necessário – 4 a 5 horas
- Dificuldade física – Moderado pelo constante esforço de descer os socalcos
- Dificuldade técnica – difícil
- Tipo – linear, só ida.
- Sinalização (1-5) – 0, não há qualquer tipo de sinalizado, mas a guia indica-nos o caminho
- Destaques: Socalcos, arrozais, Aldeias típicas, vale do rio Muong Hoa
Quanto custa fazer uma caminhada em Sapa?
Tal como referimos, nós pagamos apenas 20 USD por pessoa, para uma caminhada de um dia. Esta foi uma visita guiada, em grupo. Se for privada, o preço será superior – o valor que obtemos foi 45 USD por pessoa, mas como não estávamos interessados não investigamos muito mais.
Mesmo que tente organizar diretamente com as guias locais, o valor a pagar não deverá ser substancialmente inferior. Lembre-se que é importante pagar um valor justo e a guia vai estar connosco o dia todo.
Trilhos de vários dias custarão sempre para cima dos 100 USD por pessoa, sendo que o valor pode variar um pouco tendo em conta a qualidade do alojamento – hotel ou homestay.
Nossa experiência no trilho em Sapa
O nosso trilho começou às 9:00, com a guia (Mei) a vir ter ao nosso hotel em Sapa. A partir daqui, atravessamos a cidade a pé, iniciamos a descida para os socalcos e arrozais.
Ainda na cidade, começam a juntar-se a nós algumas outras mulheres das tribos. Elas vão fazer todo o percurso connosco, metendo conversa e ajudando a descer e subir nas zonas mais complicadas.
A primeira parte do percurso é feita na cidade e na estrada, mas já a partir da cidade é possível ver as majestosas montanhas à volta de Sapa e o espetacular vale Muong Hoa com os seus famosos socalcos e arrozais.
Cerca de meia hora depois, começamos a nossa descida em direção ao rio Muong Hoa por caminhos sinuosos, apertados e muito, muito inclinados – por vezes com lama e muito escorregadios. É necessário muita atenção e calçado adequado (sobretudo que não escorregue).
A guia vai indicando o melhor percurso a fazer, respondendo às nossas dúvidas, mostrando algumas curiosidades e os melhores lugares para tirar fotos. Ao longo do percurso, vemos também búfalos e alguns outros animais.
A descida é longuíssima, e ocupa praticamente toda a manhã. Passamos pela pequenina aldeia Y Lihn Ho, e continuamos a descer em direção a Lao Chai. Lao Chai é uma aldeia da tribo chamada Black Hmong, considerada um dos maiores grupos minoritários da região, e a tribo de onde vem a nossa guia.
Os Black Hmong são orgulhosos das suas tradições, cultura e língua. Cada uma das tribos das montanhas de Sapa têm cultura e línguas diferentes. Os Black Hmong são famosos pelas suas roupas azul-indigo. Ao longo do caminho, Mei mostra-nos as plantas usadas para produzir a cor.
Chegamos a Lao Chai por volta das 12:00 e vamos para o restaurante. Aqui vamos almoçar e são nos servidos frango salteado, tofu, spring rolls e claro arroz glutinoso. É bom, mas não é uma refeição memorável.
As nossas acompanhantes são todas desta aldeia e avisam-nos que vão ficar por lá, pedindo que nos comprem alguns produtos locais. Espere que sejam muito insistentes. Dar uma gorjeta a quem nos ajudou na descida, ou comprar algo, é uma decisão pessoal. Nós optamos por fazê-lo porque elas realmente nos ajudaram em diversas partes da descida que por vezes é muito, muito técnica.
Importante
Nas aldeias vão aparecer imensas crianças a querer vender produtos ou a pedir dinheiro. Apesar de ser imensamente tentador, o nosso conselho é evitar fazê-lo. Este é também o conselho do governo do Vietname e das autoridades locais. Dar dinheiro, ou o quer que seja, às crianças incentiva-as a não ir à escola, e dedicarem-se a pedir/vender.
Depois de almoçar, continuamos em direção a Ta Van. Esta parte do percurso é bem mais fácil e rápida. Em cerca de uma hora chegamos a Ta Van, é sempre a descer mas sem grandes inclinações, com algumas partes planas.
O percurso é feito pelo meio dos arrozais, mas desta vez sem socalcos pois já estamos no vale. Passamos pelas ruas das aldeias e a Mei mostra-nos flor de anis, cardamomo e canela. Estes produtos são apanhados nas florestas da região e vendidos para fora.
Ta Van é uma aldeia da tribo Zay. Os Zay são uma minoria com apenas 38 000 pessoas que vive maioritariamente no Norte de Vietname. As casas dos Zay são feitas de bamboo e madeira com chão de barro. Algumas das suas tradições mais antigas foram-se perdendo, mas as mulheres Zay são conhecidas por usarem saias muito coloridas, nomeadamente púrpura, azul e verde.
Depois de chegar a Ta Van, atravessamos a aldeia e estamos próximos ao nosso destino final. Pelo meio Mei mostra-nos as escolas da aldeia. O último ponto de interesse é atravessar a ponte de madeira da aldeia em direção à estrada.
Cerca das 15:00 apanhamos uma van de volta para Sapa, e antes das 15:30 estamos de volta ao nosso ponto inicial, no centro da cidade.
Este percurso é sempre a descer e por isso aerobicamente é muito fácil, mas por vezes é muito técnico. Estamos habituados a fazer caminhadas e raramente nos custou tanto fazer descidas. Talvez nem o vulcão Acatenango tenha sido tão duro em termos técnicos e de descida.
Mas vale a pena, se quiser ver os socalcos dos arrozais de perto, entrar nas aldeias tradicionais e conhecer um pouquinho das culturas das tribos da montanha, esta é uma das melhores atividades em Sapa e uma das coisas a não perder no Vietnam.
Qual a melhor época para fazer o trilho em Sapa?
As melhores alturas do ano para fazer trekking em Sapa é entre Setembro e Novembro, ou seja, quando está fresco e há menor probabilidade de chuva.
O ponto negativo desta altura do ano é que os arrozais já foram colhidos e por isso não vai ser aqueles campos verdes magníficos, mas antes os socalcos (com ou sem água dependendo da chuva que houve nos dias anteriores) e algum verde a amarelo seco do arroz já colhido.
Se quiser ver os arrozais em todo o seu esplendor terá de visitar Sapa entre Maio e Agosto, que é quando este é plantado, cresce e colhido. Durante o resto do ano não há plantação, pois é demasiado fresco.
Quem pode fazer trekking em Sapa?
No total são 12 km de caminhada, que se faz em 4 5 horas, mas este não é um trilho difícil aerobicamente pois não implica qualquer tipo de subida.
Apesar de ser um trilho praticamente sempre a descer, acaba por ser bastante duro para os músculos. Prepare-se para se sentir bem dorido após a caminhada e nos dias seguintes. Felizmente em Sapa existem 1001 lugares onde pode fazer todo o tipo de massagens que o vai ajudar a recuperar.
Além da dificuldade física, existe o problema da dificuldade técnica. O percurso é muito inclinado, e com algumas zonas bem difíceis e até perigosas. Assim, se não estiver habituado a caminhadas de montanha ou não gostar de alturas, este trilho pode ser um pouco demais para si.
Por esta razão, desaconselhamos também que seja feito com crianças, idosos e pessoas com problemas de mobilidade. De resto, qualquer pessoa pode fazer esta versão de 1 dia, e não precisa de nenhuma preparação em especial.
O que levar?
Como dizíamos, não precisa de se preparar especialmente para o trilho, mas aconselhamos que leve algumas coisas para lhe facilidade a caminhada, tais como:
- Água – Pode comprar água pelo caminho, mas nós gostamos sempre de levar as nossas;
- Snacks – Não sentimos necessidade de comer snacks pelo caminho, e o almoço está incluído, mas se quiser levar alguma coisa consigo, não há problema nenhum;
- Roupa confortável para caminhada;
- Casaco de chuva pois nunca se sabe se o tempo não mudará na montanha;
- Boné, protetor solar, óculos de sol.
- Calçado de caminhada e confortável – Muito importante levar calçado adequado às condições dos terrenos. É possível fazer com sapatilhas de corrida (foi o que usamos) mas será bem mais fácil e confortável com calçado de montanha;
- Se tiver chovido, o ideal seriam mesmo umas galochas;
- Mochila para levar tudo isto e trazer consigo qualquer lixo que possa fazer;
- Dinheiro para comprar o quiser ou dar gorjetas. Não há multibancos!
Como chegar ao início trilho?
Este trilho é guiado e começa em Sapa, pelo que não necessita de se preocupar com isso.
Além do mais, a guia veio ter connosco ao hotel o que facilita ainda mais nossa vida. No final também somos transportados para a praça central de Sapa.
Onde ficar quando fizer este trilho?
Dado que se começa e termina em Sapa, o ideal é ficar nesta cidade. Sapa é uma cidade muito turística e por isso não faltam opções de alojamento de vários tipos, sejam hotéis, hostels ou homestays. Normalmente a preços muito apelativos.
A nossa sugestão de alojamento em Sapa é o Sapa Garden Hotel. Este foi o hotel onde ficamos e não poderíamos ter ficado mais contentes. Desde o excelente atendimento e simpatia dos funcionários até ao belo quarto com vista para a montanha.
Os preços são também inacreditáveis, mas isso já é habitual no Vietnam. De facto, é tão barato que por vezes até é difícil perceber como é possível. Veja os preços e disponibilidade aqui.